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As ruas de calçamento irregular feito com pedras pé de moleque e o casario colonial do centro histórico de Paraty, município ao sul do estado do Rio de Janeiro, foram palco de uma polêmica encerrada há pouco mais de dez anos: o nome da cidade deveria ser escrito com “y” ou com “i”?
Tudo começou após mudanças nas regras ortográficas da língua portuguesa no Brasil terem determinado a substituição do “y” por “i” em palavras como “Paraty”, que então passou a figurar nos mapas como “Parati”. Revoltados com a alteração, os paratienses se mobilizaram para que o “y” retornasse ao seu devido lugar na grafia do nome da cidade, o que só ocorreu depois da aprovação de uma lei pela Câmara de Vereadores, em 2007.
No caso de “Paraty”, uma das argumentações em favor do uso do “y” teve por base a origem indígena da palavra. “Foi percebido que existem várias tonalidades para a pronúncia do ‘i’ para os indígenas. E cada uma delas tem um significado diferente. O ‘y’ é mais próximo à pronúncia que eles usavam para significar algo no território. É como se fosse ‘Paratii’, que significa água que corre. Aí o linguista achou por bem utilizar o ‘y’ para representar essa pronúncia, o ‘i’ longo, o ‘i’ dobrado”, esclarece uma técnica da coordenação de cartografia do IBGE.
BENEDICTO, M.; LOSCHI, M. Nomes geográficos. Retratos: a revista do IBGE, fev. 2019.
A resolução da polêmica, com a permanência da grafia da palavra “Paraty”, revela que a normatização da língua portuguesa foi desconsiderada por
A) conveniência político-partidária.
B) motivação de natureza estética e lúdica.
C) força da tradição e do sentimento de pertença.
D) convenção ortográfica de alcance geral.
E) necessidade de sistematização dos usos da língua.
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