A volta do marido pródigo
— Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem?
— Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. […]
Lá além, Generoso cotuca Tercino:
— […] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando chega, ainda é todo enfeitado e salamistrão!…
— Que é que hei de fazer, seu Marrinha… Amanheci com uma nevralgia… Fiquei com cisma de apanhar friagem…
— Hum…
— Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço e ainda faço este povo trabalhar…
[…]
Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve de pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse um pé. Pragueja:
— Quem não tem brio engorda!
— É… Esse sujeito só é isso, e mais isso… — opina Sidu.
— Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá certo… — diz Correira, suspirando e retomando o enxadão — “P’ra uns, as vacas morrem … p’ra outros até boi pega a parir…”
Seu Marra já concordou:
— Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença, eu aponto o dia todo. Que é a última vez!… E agora, deixa de conversa fiada e vai pegando a ferramenta!
ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: José Oympio, 1987.
Esse texto tem importância singular como patrimônio linguístico para a preservação da cultura nacional devido
A) à menção a enfermidades que indicam falta de cuidado pessoal.
B) à referência a profissões ja extintas que caracterizam a vida no campo
C) aos nomes de personagens que acentuam aspectos de sua personalidade.
D) ao emprego de ditados populares que resgatam memórias e saberes coletivos.
E) às descrições de costumes regionais que desmistificam crenças e superstições